Há algum problema se o meu cão beber água do mar ou comer areia? É preciso aplicar-lhe protetor solar? E será que o meu cão sabe nadar?
Descubra a resposta a estas e outras dúvidas, bem como algumas recomendações que convém não esquecer na próxima vez que levar o seu “cãopanheiro” à praia.
Com Ricardo Almeida
Médico veterinário na VetPóvoa
Verão rima com praia e diversão, de preferência na companhia do seu melhor amigo de quatro patas, mas da próxima vez que o levar a correr pelo areal não se esqueça de lhe colocar protetor solar. Sim, isso mesmo: tal como as pessoas, também os cães são negativamente afetados pelas radiações ultravioleta (UVA e UVB), sobretudo as raças de pelo curto ou de pelagem branca, que exigem cuidados redobrados.
Deve aplicar o protetor solar sobretudo nas zonas com menos pelo e mais expostas ao sol, nomeadamente nas orelhas, focinho, barriga e em redor dos olhos, sobretudo se tem um Dálmata, Bulldog ou Whippet, que fazem parte da lista de raças com maior risco de sofrer queimaduras solares por terem a pelagem curta ou branca.
E se está a pensar em partilhar o seu protetor solar com o seu cão, saiba que esta não é a melhor opção, já que o seu protetor solar pode conter substâncias tóxicas para os cães. Uma vez que já existem no mercado várias marcas de protetores solares para cães, aconselhe-se junto do médico veterinário para saber qual o protetor mais apropriado para o seu “cãopanheiro”.
Faz mal beber água do mar?
Quem nunca bebeu um pirolito num mergulho mal calculado que coloque a mão no ar! O mesmo acontece com os cães. Como são curiosos por natureza, gostam de explorar tudo à sua volta, inclusive provar água do mar.
Por norma, se beberem pouca quantidade não existe problema, mas uma ingestão maior pode conduzir a um desequilíbrio eletrolítico devido à elevada concentração de sódio. “Alguns cães gostam de beber água do mar, mas não convém que o façam. O que aconselho é que leve água fresca potável para que o cão possa beber sempre que tenha sede”, aconselha o médico veterinário Ricardo Almeida.
Todos os cães sabem nadar?
Apesar de saberem nadar instintivamente, nem todos os cães têm a mesma aptidão para nadar, uma vez que esta está relacionada com algumas características físicas, como a pelagem, o focinho ou a forma corporal. “Convém não esquecer que o mar não é uma piscina, tem ondas, correntes e pode surgir algum problema, pelo que convém manter o seu cão sempre vigiado quando está no mar”, lembra o médico veterinário.
Na lista de bons nadadores encontramos raças como o Cão de Água Português, Cocker Spaniel, Golden Retriever e Labrador Retriever. No entanto, se tiver um Bulldog Francês ou Inglês, bem como um Pug, fique alerta: estas raças, além de braquicéfalas (o focinho é achatado), têm os membros muito curtos, o que dificulta a movimentação dentro de água. Para evitar problemas, tenha atenção à ondulação, assegure-se que o seu “cãopanheiro” não fica exausto e que não está a nadar para fora de pé.
O meu cão comeu areia. E agora?
Entre as escavações de túneis intermináveis e os sprints pelo areal, é normal que os cães acabem por comer areia. Apesar de as partículas de areia serem muito pequenas, uma vez molhadas tornam-se pesadas no intestino do animal, o que pode provocar um bloqueio, pelo que deve contactar o seu médico veterinário em caso de sintomas como vómitos, dor abdominal, desidratação, massa dura na área do estômago ou prisão de ventre.
Para outras dúvidas, os clientes Fidelidade Pets têm acesso ao serviço Telepet, uma linha telefónica de apoio veterinário que permite esclarecer quaisquer dúvidas que possa ter sobre a saúde do seu animal de estimação. Caso se justifique, será encaminhado para a clínica ou hospital veterinário mais próximo.
E depois da praia?
É importante remover a areia e o excesso de sal do pelo do animal, em especial dos olhos e do focinho, e dar um banho com água doce mal cheguem a casa, para evitar “possíveis dermatites, que são muito frequentes nesta altura do ano”, indica o médico veterinário Ricardo Almeida.
E devo aplicar champô? “Depende da frequência com que tomarem banho no mar. O que está indicado é não abusar dos banhos de água doce, pelo que o aconselhável é um banho por mês, com champô, para não retirar a camada de gordura protetora da pele. No entanto, caso o seu animal sofra de alguma patologia dermatológica, pode dar um banho por semana com champô. Mas se o cão for à praia todos os dias, e quando chegar a casa tomar banho com champô, acaba por retirar a camada de gordura protetora da pele. Logo, o mais recomendável é dar banho só com água e secá-lo muito bem, para evitar dermatites.”
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Cuidado com os golpes de calor
“Deve ter sempre à disposição do cão água fresca e sombra”, começa por lembrar Ricardo Almeida. “Os cães transpiram muito pouco e perdem muito calor através da transpiração, que é feita pelas almofadas plantares. O resto do calor têm de perder pela respiração. Numa primeira fase, começam com uma respiração mais ofegante, que vai aumentar a frequência respiratória. A partir do momento em que não consegue perder calor, o organismo vai entrar num processo de sobreaquecimento, que pode ser irreversível.”
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Faça assim
“Dê-lhe água fresca e tente humedecer todo o corpo do animal com água tépida, para arrefecer de forma lenta. Em último caso, leve-o ao médico veterinário pois um golpe de calor pode ser mortal. As raças braquicéfalas são as mais predispostas aos golpes de calor”.
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