De onde vem o ronrom dos gatos?

Para todos os que são apaixonados por felinos domésticos, não existe som tão característico (e quase sempre tão reconfortante) como o seu ronronar.

Depois de várias teorias terem sido apontadas para o explicar, acredita-se agora que é produzido através de vibrações intermitentes dos músculos laríngeos e diafragmáticos, durante a inspiração e a expiração, num padrão e frequência consistentes entre 25 e 150 Hertz.

Semelhante a um suave motor, é frequentemente assumido como uma expressão de satisfação ou de bem-estar. No entanto, os estudos parecem demonstrar que também é utilizado para comunicar outras emoções e necessidades, incluindo as vividas em momentos stressantes e de desconforto.

Mas afinal o que causa o ronronar? Não sendo ainda completamente claras as razões da sua existência, entre tantos outros comportamentos característicos dos gatos, existem já algumas considerações sobre os principais motivos para o fazerem. Fique a conhecê-las!

1. Comunicação Materna

O ronronar é a primeira forma de comunicação entre a mãe gata e as suas crias recém-nascidas.

Durante e após o parto, ela utiliza-o para as acalmar. Depois de terminado, é através dele que lhes consegue mostrar a sua posição nos primeiros dias de vida, enquanto ainda permanecem cegas e surdas, ao procurarem por segurança, calor e alimento.

Assim que estas aprendem a ronronar, também elas começam a comunicar com a progenitora através dele, permitindo que ela as consiga localizar mais facilmente e ainda reconhecer a sua disposição, confirmando se estão bem.

Esta forma de comunicação estreita a ligação entre ambas as partes e é semelhante à que se estabelece entre nós e os nossos felinos. Eles usam o ronronar com o objetivo de atrair a nossa atenção ou pedir o nosso afeto, e à medida que vamos correspondendo a esse chamamento, estimulamos uma repetição contínua deste comportamento.

2. Procura de Alimento

Definido como “ronronar de solicitação”, este apelo de um felino faminto apresenta uma componente de maior frequência, semelhante à de um bebé a chorar, onde o som normal é alterado para outro de caráter mais urgente.

Esta mudança específica leva-nos instintivamente a querer ajudar, correspondendo por isso ao pedido do nosso gato, sempre que ele começa a ronronar desesperadamente, com a oferta de alimento.

3. Pedido de Ajuda

Muitos gatos ronronam quando têm medo e se sentem angustiados ou receosos, como é o caso do sentimento generalizado em comuns visitas ao veterinário.

Outros fazem-no quando estão magoados ou em sofrimento, não apenas como forma de se acalmarem, mas também para transmitirem a mensagem de que estão em perigo e precisam de ajuda.

Assim, é possível que o ronronar possa ser um mecanismo despoletado para manter a calma em situações adversas e ajudar na gestão da dor e do desconforto.

4. Para Cura ou Recuperação

Acredita-se que o ronronar possa também ajudar os gatos a recuperar mais rapidamente em processos de doença ou cicatrização.

Efetivamente, os investigadores demonstraram que as baixas frequências do seu intervalo de som correspondem às utilizadas em tratamentos de fraturas e outros processos dolorosos. E isto poderia explicar o facto dos gatos serem capazes de suportar quedas elevadas e terem menos complicações após uma cirurgia comparativamente aos cães.

Porque esta sua capacidade extraordinária de produzir vibrações no interior do seu corpo os ajudaria no crescimento muscular, na flexibilidade articular, a melhorar a densidade óssea, no alívio da respiração (para controlo da dispneia), diminuição da dor e do inchaço (como nos casos de edema) e ainda na cicatrização de feridas.

5. Pura Felicidade

E claro, os gatos adultos também podem ronronar simplesmente porque estão felizes!

Quando interagem com pessoas ou outros animais por quem nutrem afeto. Quando estão num ambiente relaxado e conhecido onde se sentem bem. Quando têm o seu objeto favorito por perto e nele se rolam ou esfregam.

Embora possamos não saber exatamente o que o nosso gato nos está a tentar dizer com o seu ronronar num determinado momento, o melhor será sempre prestar-lhe atenção.

É fundamental tentar compreender o contexto, a sua linguagem corporal, o tom que utilizam e as suas respostas às nossas reações. O tempo passado juntos contribuirá depois para um maior conhecimento sobre os seus comportamentos naturais e sinais característicos, ajudando a criar laços e fortalecendo a relação.